10.31.2023

TEOLOGIA: DEBATE

ANIQUILACIONISMO

 

 

  1. INTRODUÇÃO

Morte eterna é uma contradição de termos. Pois se é morte (fim) como pode ser infindável?

Quando a Bíblia cita esse termo, temos que entender que ela está falando de morte definitiva, isto é, sem ressurreição perpétua, sem novo corpo (glorificado), sem continuidade em uma nova terra.

Para muitos pastores, a morte eterna = danação, castigo, tormento eterno.

Entretanto creio que morte eterna = morte definitiva.

A oferta da imortalidade, ou seja, vida eterna oferecida por Deus, por graça, através de seu filho Jesus, significa a ressurreição e uma nova vida no céu, paraíso, nova Jerusalém. Seremos salvos da morte por aquele que venceu a morte.

O contrário da imortalidade é a mortalidade. Todo aquele cujo nome não for achado inscrito no Livro da Vida, morrerá (para sempre), isto é “morte eterna”, morte para sempre.

O inferno então é figurado? Não existe?

Existe sim. O inferno é a prisão criada por Deus para o diabo (a serpente do Éden, o dragão, Satanás), a cadeia para os anjos rebeldes (caídos/demônios), e onde serão também aprisionados a besta (o anticristo) e o falso profeta...

E claro, todos aqueles que cuspirem na cruz. Todo pecador, orgulhoso de seu pecado, conforme listas citadas na Bíblia.

Todos sofrerão as penas pelos seus crimes, pra depois então, serem extirpados, destruídos, para todo o sempre, por que Deus é fogo consumidor!

Ele é soberano, é o “oleiro”. Criou vasos para si, e criou vasos também que infelizmente serão descartados, pois não prestam (todo que não se arrepender).  Esses vasos de desonra serão destruídos, lançados fora.

João 11:25-26

 

25Disse-lhe Jesus: "Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra (morte física), viverá;

26e quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente. Você crê nisso?"

 

Isto é, quem não crê nele, morrerá eternamente. Tal pessoa deixará de existir. E esse é o assunto desse estudo!

O que semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna (Galátas 6.8), mas o salário do pecado, a recompensa do erro, não é a morte física, mas a morte eterna (Rm 6.23) conforme lemos em Ezequiel 18.20: a alma que pecar, morrerá!

Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna (Jo 5.24). Essa é a promessa de Salmos 49.9, para que essas pessoas continuem a viver perpetuamente, e não morram.

Romanos 8:6 diz que o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz.

O que é a vida, senão a continuidade da existência? O que é a morte, senão o fim dela?

João 8.52 diz que aquele que guardar essa Palavra não verá a morte (eterna). Em Apocalipse 2.10 a coroa da vida é prometida aos que forem fiéis até o fim.

Quanto aos ímpios, o Salmo 9.5 diz que estes serão destruídos para todo o sempre, e Deus lhes apagarás o nome. Jó 4.20 afirma que serão destruídos e então perecem para sempre.

 

  1. DANAÇÃO ETERNA?

Vamos falar de um castigo sem fim, proclamado pela grande maioria das igrejas.

Será que Deus, sendo AMOR e JUSTIÇA, cheio de GRAÇA e MISERICÓRDIA, condenaria ao inferno (no caso, a tortura sem fim pregada por quase todos os pastores), alguém que tenha pecado por 5, 10 ou 100 anos que sejam?

É absurdamente desproporcional torturar alguém nas chamas por mais do que trilhões ou octalhões de anos (muito mais, pois a eternidade não se pode contar) por algo (por mais terrível que seja) sem piedade e de forma cruel (a tal vingança de Deus).

PERGUNTA: Faz sentido um castigo, uma penalidade altamente desproporcional ao crime?

Se nós humanos, que somos maus, condenamos um homicídio ou crime hediondo a no máximo 40 ou 100 anos (prisão perpétua), ou ainda, como em alguns estados norte-americanos, à pena de morte, isto significa portanto o fim do sofrimento do criminoso ao fim de sua própria vida, seguido de sua morte.

Algum ser humano, se pudesse, manteria alguém vivo pela eternidade, para ser torturado infinitamente? Seria muita crueldade certo? Seria um comportamento sádico e perverso. E nosso Deus não é assim, pois ele é a essência do amor:  “E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas” 1 João 1:5-10.

Agora imagine Deus, sendo o Pai da Justiça Amor e Misericórdia agindo assim...

Não faz sentido não é mesmo?

Não é razoável que os ímpios paguem pelos seus crimes na “prisão de Deus” (inferno) por um tempo (dor proporcional ao que fizeram a outrem, numa espécie de “purgatório”), e depois sejam destruídos, deixem de existir?

Que sejam sim exterminados (ou aniquilados), o que, seria após o juízo final, sentença e “cumprimento da pena”, uma segunda morte mesmo (pena de morte eterna):

Apocalipse 20.14: E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte!

Resumindo, o inferno seria a separação total e eterna de Deus, o que é péssimo (não herdar a vida eterna), mas o inverso disso seria o fim da existência.

Alguns irmãos entendem que não podemos (quem somos nós) para questionar os justos juízos de Deus, como por exemplo, além da danação eterna e desproporcional relatada aqui, a questão da terrível interpretação calvinista de que Deus elegeu alguns para o inferno.

Outros acham melhor respondermos com um contundente “NÃO SABEMOS” como Deus age e por que Ele quis assim, pois não podemos entender a mente de Deus, sendo meros mortais.

Basta aceitarmos como é, e ponto final.

Mas se Deus nos deu uma cabeça pensante, por que não, em lugar de sermos resignados, usarmos nossa Fé aliada à nossa razão?

 

  1. VERSÍCULOS SOBRE PENA PROPORCIONAL NA BÍBLIA:

Mt 5:25 Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão.

Mt 5:26 Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil.

&

Lc 12:46 Virá o senhor daquele servo no dia em que o não espera, e numa hora que ele não sabe, e separá-lo-á, e lhe dará a sua parte com os infiéis.

Lc 12:47 E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites;

Lc 12:48 Mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá.

O nome disso que estamos falando é ANIQUILACIONISMO, e defendemos que os perdidos no inferno serão exterminados, após terem pago a pena por seus pecados.

Um dos argumentos se baseia no simbolismo usado pela Bíblia para descrever o inferno. Dizemos que o fogo consome o que é lançado nele, e assim será com o lago de fogo (Ap 19.20; 20.10, 14, 15; 21.8) — ele queimará completamente os perversos de maneira que eles não mais existirão. Temos muitos textos nas Escrituras, que falam do perdido perecendo ou sendo destruído!

João Batista advertiu: “Ele tem na mão a pá, limpará sua eira e recolherá o trigo ao celeiro. As palhas, porém, serão queimadas num fogo inextinguível” (Mt 3, 12).

  • O fogo é inextinguível, as palhas não.

Haverá um juízo final, no qual o trigo será guardado e o joio será queimado: “No tempo da colheita, direi aos ceifadores: arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para o queimar. Recolhei depois o trigo no meu celeiro’.” (cf. Mt 13, 24-30).

Existe inclusive uma discussão quanto ao significado da palavra ‘eterno’ nas passagens que tratam do inferno, que poderia querer passar a ideia de “na era vindoura” e não “perpétuo”.

No Novo Testamento, eterno significa “perene”, e o contexto determina quanto dura esse tempo. E a era vindoura dentro desse entendimento, nada mais é do que uma “eternidade sem Deus”.

Há ainda um ponto a refletir, a distinção entre tempo e eternidade. Nós, aniquilacionistas perguntamos: como é justo que Deus puna pecadores pela eternidade quando seus crimes foram cometidos no tempo?

A própria descrição de Jesus do inferno, na parábola do homem rico e de Lázaro, como um “lugar de tormento” (Lc 16.28) envolvendo a expressão de estar “atormentado na chama” e “não poder sair dali”, pode significar um tempo a ser cumprido nesse local, e não necessariamente, uma eternidade...

Mesmo os versos de Apocalipse 14:10 e 11, podem ser interpretados como um tormento temporal e proporcional, e não um tormento para todo o sempre, mas sim, “a fumaça do seu tormento”, de quem ali foi consumido pelas chamas do inferno: “Não terão repouso nem de dia nem de noite” até que cumpram a pena, para depois serem destruídos pelo fogo, que a Bíblia chama de segunda morte:

¹⁰ Também este beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da sua ira; e será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro.

¹¹ E a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm repouso nem de dia nem de noite os que adoram a besta e a sua imagem, e aquele que receber o sinal do seu nome (a marca da besta).

Quando Paulo descreve o destino dos perdidos como sofrer “penalidade de eterna destruição” (2Ts 1.8) fica claro, que essa destruição é definitiva, afinal, como pode alguém ser “destruído aos poucos” perpetuamente?

Em Apocalipse 19.20 vemos o relato de uma prisão que vai durar a princípio, mil anos, para Satanás:

“E vi descer do céu um anjo que tinha a chave do abismo e uma grande cadeia na sua mão. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos. E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que mais não engane as nações, até que os mil anos se acabem. E depois importa que seja solto por um pouco de tempo”.

Apocalipse 20.7 diz: “E, acabando-se os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra

Ap. 20.10 diz que o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta (a trindade satânica); e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre.

Agora, sim, pela eternidadeMas para os três personagens acima mencionados. E não para toda a humanidade não-eleita. Por que para os ímpios, a pena seria maior? Teria mais de mil anos e sem intevalo? Será?

 

  1. O HOMEM É UM INTRUSO NO INFERNO

Jesus disse em Mt 25.41 que o inferno foi preparado para o diabo e o seus anjos (a terça parte que se rebelou, e tornaram-se portando, demônios). A Bíblia diz que Deus não tem prazer na morte do ímpio e não quer que nenhum se perca (Ez 33.11).   

Não chegamos ao ponto de sermos Universalistas (grupos que acreditam que todos serão salvos), pois não é o que as Escrituras dizem. O que questionamos é a mortalidade ou imortalidade da alma do ímpio. Eles crêem que no fim das contas, Deus salvará todos os seres humanos, pois o Senhor e seu povo, nunca desfrutariam do êxtase do céu se sequer uma alma permanecesse no inferno, principalmente a de entes queridos.

 

  1. A ALMA NÃO MORRE?

No original hebraico e grego, a alma morre (Ezequiel 18:4), perece (Mateus 10:28), é destruída (Ezequiel 22:27), não é poupada da morte (Salmos 78:50), é completamente eliminada (Êxodo 31:14), desce à cova na morte (Jó 33:22), é devorada (Ezequiel 22:25), pode ser assassinada (Números 35:11) e exterminada (Atos 3:23). Então não, nossa alma (por enquanto) NÃO é imortal!

Paulo deixou muito claro que Deus por ora, é “o único que possui a imortalidade” (1Timóteo 6:16) e a dará a quem vencer:

..o único que é imortal e habita em luz inacessível, a quem ninguém viu nem pode ver. A ele sejam honra e poder para sempre. Amém.

Biblicamente a esperança do cristão é a ressurreição dos mortos, para um corpo glorificado, em uma nova terra. Nossa imortalidade será dessa forma (1Cor15.53-54).

 

  1. UM PROBLEMA DE INTERPRETAÇÃO

Quando lemos em Daniel 12.2 que muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno, será que essa vergonha eterna não significa ficar de fora do Reino de Deus? E será que esse horror eterno não seria a SEPARAÇÃO eterna de Deus somente?

Não negamos a existência do INFERNO. Ele existe e será um lugar de condenação (Mt 5.22/Mt 10.28/Mt 23.33). Mas essa condenação será infindável?

Como responder então MATEUS 25.46 quando o próprio JESUS cita Daniel 12.2?:

“E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna” ?

Mais uma vez entendemos como CASTIGO ETERNO, a separação total e definitiva da presença de DEUS. A segunda morte. O fim da existência, após o grande julgamento (juízo final) e cumprimento da pena.

E você? Acredita que o perverso sofrerá tormento sem fim no lago de fogo, ou somente ficará de fora da Cidade Santa, a Nova Jerusalém, pagando pelo seu crime, até que enfim seja exterminado?

Independente do inferno ser um lugar real de danação eterna ou castigo temporário, todos os que confiam em Jesus, em sua morte e ressurreição, para livrá-los desse destino horrível, terão parte na Árvore da Vida e na Cidade Santa de Deus.

Concluindo, o que pretende-se é VIVER eternamente com nosso CRIADOR. Para quem for absolvido no grande dia, essa questão não faz diferença. Serve apenas para debatermos teologia e interpretação da revelação de Deus, aqui, na Terra.

 

  1. COMPLEMENTO: OS ANIQUILACIONISTAS TEM BASE BÍBLICA?

A resposta é um enorme SIM! A Bíblia nos oferece uma ampla linguagem de aniquilação dos ímpios, seja pela primeira ou segunda morte:

A Bíblia nos diz que os ímpios serão eliminados (cf. Provérbios 2:22; Salmos 37:9; Salmos 37:22; Salmos 104:35; Isaías 29:18-20), destruídos (cf. 2Pedro 2:3; 2Pedro 2:12,13; Tiago 4:12; Mateus 10:28; 2Pedro 3:7; Deuteronômio 7:10; Filipenses 1:28; Romanos 9:22; Salmos 145:20; Gálatas 6:8; 1Coríntios 3:16,17; 1Tessalonicenses 5:3; 2Pedro 2:1; Salmos 145:20; Salmos 94:23; Provérbios 1:29; 1Tessalonicenses 5:3; Jó 4:9; Salmos 1:4-6; Salmos 73:17-20; Salmos 92:6,7; Salmos 94:23; Provérbios 24:21,22; Isaías 1:28; Isaías 16:4,5; Isaías 33:1; Lucas 9:25; Gálatas 6:8; 1Tessalonicenses 1:8,9), arrancados (cf. Provérbios 2:22), mortos (cf. João 8:24; Joaõ 11:28; João 6:47-51; Isaías 65:15; Romanos 6:23; Isaías 11:4; Provérbios 11:19; Salmos 34:21; Romanos 8:13; Salmos 62:3; Provérbios 15:10; Tiago 1:15; Romanos 8:13; Provérbios 19:16; Isaías 66:16; Jeremias 12:3; Romanos 1:32; Ezequiel 18:21; Ezequiel 18:23,24; Ezequiel 18:16,28; 2Coríntios 7:10; Romanos 6:16; 2Coríntios 3:6; Hebreus 6:1), exterminados (cf. Salmos 37:9; Marcos 12:5-9; Atos 3:23), executados (cf. Lucas 19:14,27), serão devorados (cf. Apocalipse 20:9; Jó 20:26-29; Isaías 29:5,6; Salmos 21:9), se farão em cinzas (cf. 2Pedro 2:6; Isaías 5:23,24; Malaquias 4:3), não terão futuro (cf. Salmos 37:38; Provérbios 24:20), perderão a vida (cf. Lucas 9:24), serão consumidos (cf. Sofonias 1:18; Lucas 17:27-29; Isaías 47:14; Salmos 21:9; Jó 20:26-29; Apocalipse 20:9; Isaías 26:11; Naum 1:10; Sl.21:9; Lc.17:27-29), perecerão (cf. Jo.10:28; Jo.3:16; Sl.37:20; Jó 4:9; Isaías 66:17; Salmos 37:20; Salmos 68:2; Salmos 73:27; Atos 13:40,41; Isaías 1:28; Isaías 41:11,12; 1Coríntios 1:18; Romanos 2:12; 2Coríntios 4:3; 2Coríntios 2:15,16; Lucas 13:2,3; Lucas 13:4,5; 2Tessalonicenses 2:10), serão despedaçados (cf. Lucas 20:17,18; Mateus 21:44; 1Samuel 2:10), virarão estrado para os pés dos justos (cf. Atos 2:34,35), desvanecerão como fumaça (cf. Salmos 37:20; Salmos 68:2; Isaías 5:24), terão um fim repentino (cf. Sofonias 1:18; Provérbios 24:21,22; Isaías 29:5,6; 1Tessalonicenses 5:3; Isaías 29:18-20; 2Pedro 2:1), serão como a palha que o vento leva (cf. Salmos 1:4-6; Isaías 5:24; Isaías 29:5,6), serão como a palha para ser pisada pelos que vencerem (cf. Malaquias 1:1,3; Mateus 5:13; Hebreus 10:12,13), serão reduzidos ao pó (cf. Salmos 9:17; Isaías 5:24; Isaías 29:5,6; Lucas 20:17,18; Mateus 21:44; 2Pedro 2:6), desaparecerão (cf. Salmos 73:17-20; Isaías 16:4,5; Isaías 29:18-20), deixarão de existir (cf. Salmos 104:35), serão apagados (cf. Provérbios 24:20), serão reduzidos a nada (cf. Isaías 41:11,12; 1Coríntios 2:6), serão como se nunca tivessem existido (cf. Obadias 1:16), serão evaporados (cf. Oséias 13:3), será lhes tirada a vida (cf. Provérbios 22:23; João 12:25), e não mais existirão (cf. Salmos 104:35; Provérbios 10:25). Portanto, NÃO serão atormentados eternamente!

  1. Alegar que Deus mandaria queimar literalmente entre as chamas de um lago de fogo e enxofre durante toda a eternidade como um processo infindável alguém que pecou durante algumas décadas, é inconsistente com a moral divina apresentada nas Escrituras. O princípio básico é o de que Deus é um “justo juiz” (2Timóteo 4:8). Se até um juiz ímpio não seria capaz de determinar um tormento infinito por pecados finitos, quanto menos Deus, que é o ápice da justiça. Se até alguém que odeia o próximo não seria capaz de atormentá-lo para sempre com fogo e enxofre, quanto menos Deus, que ama até o pior dos pecadores. Se até alguém que não tem um mínimo de misericórdia não seria capaz de condenar um rapaz de 12 anos, por exemplo, a um lago que arde com fogo e enxofre durante blocos intermináveis de bilhões e bilhões de anos, quanto menos o autor da justiça que é descrito como sendo “cheio de compaixão e misericórdia” (Tiago 5:11), pois “a misericórdia triunfa sobre o juízo” (Tiago 2:13).

 

Ricardo Miranda

 

  1. BANZOLI, Lucas. “A Lenda da Imortalidade da Alma”

10.08.2023

O STATUS DE MARIA NA RELIGIÃO CATÓLICA

 

APOLOGÉTICA 

CATOLICISMO ROMANO

PONTO HERÉTICO: O STATUS DE MARIA

 

Vamos começar com a leitura de alguns versículos:

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (João 1:1-3)

“Está escrito: 'Adore o Senhor, o seu Deus, e só a Ele preste culto” (Lucas 4:8)

“Quem vê a mim, vê Aquele que me enviou” (João 12:45);

“Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6)

“Quem vê a mim vê o Pai” (João 14:8,9)”

“E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4:1)

 

A Santíssima Trindade, como sabemos, é composta do Pai, Filho e Espírito Santo, a quem devemos honra, glória, louvor e majestade.

Entretanto para os católicos romanos, excluir Maria dessa equação, beira o sacrilégio, tamanho o culto à Virgem Maria (também conhecida como “Nossa Senhora”) que praticam.

Há um dito entre eles assim: “Tudo por Jesus, nada sem Maria”, o que pressupõe que Maria tem um papel fundamental, até hoje, que vai além das Escrituras. Outro dito diz assim: “Pede à Mãe que o Filho atende”, afinal que Filho negaria um pedido de sua Mãe?...

Enquanto a Bíblia diz que:

"Eu sou o Senhor; este é o meu nome! Não darei a outro a minha glória nem a imagens o meu louvor” (Isaías 42:8)

Ou ainda:

"Não terás outros deuses além de mim. "Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás diante deles nem lhes prestarás culto” (Êxodo 20.3-6).

Católicos do mundo todo se curvam perante à imagem de Maria, que assume vários nomes dependendo da região em que é adorada: Aparecida (Brasil), Guadalupe (México), Fátima (Portugal), etc.

E essa devoção extrema que eles chamam de ‘veneração’, mas que na prática é pura idolatria, vem de alguns dogmas da Igreja Católica ao longo dos séculos:

         Em 400 DC, Maria foi proclamada “Mãe de Deus”, que é Eterno e não tem mãe.

·         Em 649, no Concílio de Latrão, foi definido o dogma da Virgindade Perpétua. O ensinamento herético que diz que Maria nunca perdeu sua virgindade para José, nem depois do nascimento de Jesus, sendo que a Bíblia mostra claramente que Jesus teve irmãos!

         Em 1854 surge a conversa da “Imaculada Conceição de Maria” ratificada pelo Papa Pio IX.

         Em 1950, a tal da “Assunção de Maria” promulgada pelo então Papa Pio XII.

 

Vamos analisar mais de perto:

1.       SEMPRE VIRGEM?

Em Lucas 2.7 lemos que Maria “deu à luz a seu filho PRIMOGÊNITO, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura”. Se Lucas quisesse dizer que Jesus foi o único filho de Maria, teria usado, sem dúvida, a expressão “UNIGÊNITO”.

Em Mateus 12.46-47 lemos que “Enquanto ele ainda falava às multidões, estavam do lado de fora sua mãe e seus irmãos, procurando falar-lhe. Disse-lhe alguém: Eis que estão ali fora tua mãe e teus irmãos, e procuram falar contigo”.

Vejamos essas passagens inclusive:

“Depois disso desceu a Cafarnaum, ele, sua mãe, seus irmãos, e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias” (João 2.12).

 “Chegaram então sua mãe e seus irmãos e, ficando da parte de fora, mandaram chamá-lo” (Mc 3.31).

 “Todos esses perseveravam unanimemente em oração, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele” (Atos 1.14).

Quem eram os irmãos de Jesus? Tiago, José, Simão e Judas.

Romanistas afirmam que “irmãos” na Bíblia poderia se referir a ‘primos’ ou ‘discípulos’, um argumento fraco de fácil refutação, pois os irmãos quando aparecem na Bíblia estão sempre associados (juntos) com a mãe e não com a ´tia’ caso fossem primos ou parentes, e no caso de serem discípulos, como explicar João 7.5? “Pois nem seus irmãos criam nele” (João 7.5). Os próprios discípulos não iriam crer nele?

 

2.       NASCIDA SEM PECADO?

Ora, ora, ora... vejamos os versículos abaixo:

“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Romanos 3:23-26)

“Todavia, não há um só justo na terra, ninguém que pratique o bem e nunca peque” (Eclesiastes 7:20).

“O pecado entrou no mundo por meio de um só homem, e o seu pecado trouxe consigo a morte. Como resultado, a morte se espalhou por toda a raça humana porque todos pecaram”. (Romanos 5:12). Maria não era da raça humana?

Absolutamente nenhum versículo das Escrituras afirma que Maria foi concebida sem pecado.

 

3.       SUBIU AOS CÉUS?

Assunção de Maria: Esta doutrina parte do pressuposto que Maria, ao terminar a sua vida aqui na terra, foi "elevada por Deus em corpo e alma à glória celeste".

Mas a Bíblia garante que nossos corpos estão aguardando a ressurreição:

“Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo” (1 Coríntios 15:22)

“Pois, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Logo em seguida, nós, os que estivermos vivos sobre a terra, seremos arrebatados como eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E, assim, estaremos com Cristo para sempre!” (1 Tessalonicenses 4).

Não há nenhuma evidência bíblica ou histórica para essa heresia.

Protestantes lembram que o profeta Jeremias nos fala sobre uma “Rainha dos Céus”: “Os filhos ajuntam a lenha, os pais acendem o fogo, e as mulheres preparam a massa e fazem bolos para a Rainha dos Céus. Além disso, derramam ofertas a outros deuses para provocarem a minha ira”. (Jeremias 7:18)

 

4.       MEDIANEIRA?

“Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (1 Timóteo 2:5)

1 João 2:1 diz que Jesus Cristo, não Maria, é nosso Advogado para com o Pai: “Se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo…”.

Como assim Maria, que morreu e aguarda ressurreição, pode ser mediadora? Como pode nos ouvir se não é ONISCIENTE nem ONIPRESENTE? Como pode nos ajudar se não é ONIPOTENTE? 

Maria foi bem aventurada, sim, por ter sido escolhida como mãe de Jesus na Terra, mas além disso, não teve papel algum na nossa salvação, portanto não pode ser chamada inclusive de CO-REDENTORA.

 

CONCLUSÃO:

O catolicismo Romano oferece notoriedade exacerbada à Maria, mãe do Senhor Jesus Cristo. A Palavra de Deus apresenta Maria como uma mulher simples, humilde e obediente, e se refere a ela apenas cinco vezes e ainda como “serva do Senhor”.

 

A supervalorização do papel de Maria na história, ignora esses versículos:

“...e disse-lhe sua mãe: Filho, por que fizeste assim para conosco? Eis que teu pai e eu ansiosos te procurávamos. E ele lhes disse: Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?” (Lucas 2:48-49).

“Falava ainda Jesus à multidão quando sua mãe e seus irmãos chegaram do lado de fora, querendo falar com ele. Alguém lhe disse: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem falar contigo. Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos? perguntou ele. E, estendendo a mão para os discípulos, disse: Aqui estão minha mãe e meus irmãos! Pois quem faz a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mateus 12:46-50)

“Jesus e seus discípulos também haviam sido convidados para o casamento. Tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Eles não têm mais vinho. Respondeu Jesus: Que temos nós em comum, mulher? A minha hora ainda não chegou. Sua mãe disse aos serviçais: Façam tudo o que ele mandar". (João 2:2-5)

“Enquanto Jesus dizia estas coisas, uma mulher da multidão exclamou: "Feliz é a mulher que te deu à luz e te amamentou". Ele respondeu: Antes, felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e lhe obedecem". (Lucas 11:27-28)

 

Mariolatria: “Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém” (Romanos 1:25)

Quanto às imagens de “Nossas Senhoras” pelo mundo...

“...têm boca, mas não falam; têm olhos, mas não veem. Têm ouvidos, mas não ouvem; têm nariz, mas não cheiram. Têm mãos, mas não podem pegar; têm pés, mas não andam; e da garganta deles não sai nenhum som...”

“Que fiquem iguais a esses ídolos aqueles que os fazem e os que confiam neles!” (Salmos 115:5-8).

Católicos beijam as imagens, acendem velas, incensos, repetem rezas, repetições sem fim, carregam as imagens em peregrinações, protegem as imagens com medo de vandalismo ou quedas, numa clara demonstração de endeusamento dessa personagem bíblica.

Como bem dizem os evangélicos, essa religião que se diz cristã, é uma religião mariana, e por que não dizer, espírita também? Pois acredita que podemos nos comunicar com os mortos, como Maria e os “santos”, a quem são remetidas, orações e pedidos.

 

Observação final: cultos pagãos que precederam o Cristianismo tinham em seu panteão deusas-mães como Ishtar, Afrodite, Freya, Artemisa, Vênus, entre outras, e com a conversão desses povos pagãos ao Cristianismo, e respectivo sincretismo religioso, Maria acaba “substituindo” essas divindades comuns às antigas religiões do mundo, assumindo esse papel forçado dentro da Igreja, para uma melhor aceitação do povo.

 

Ricardo Miranda

A PARÁBOLA DO SAMARITANO


 

Contexto histórico:

Após a morte do rei Salomão, o reino de Israel formado por 12 tribos, fora dividido em duas partes, cada uma com seu próprio rei. A parte norte tinha como sua capital Samaria, e a sul, Jerusalém (veja mapa abaixo), considerada a capital política e religiosa estabelecida pelo Rei Davi.

Embora os dois reinos em diversas ocasiões pecaram contra Deus, o reino do norte teve uma série de reis ímpios, fazendo o que era mau aos olhos do Senhor.

E então o reino do norte foi sendo tomado por estrangeiros, até cair diante do Império Assírio, culminando na miscigenação de seus habitantes. Esse povo acabou se misturando com seus dominadores.


A palavra “samaritano”, devido à passagem de Lucas, que vamos analisar mais a fundo em seguida, acabou ganhando o significado em nossos dias, de pessoas caridosas, que ajudam o próximo, que tem compaixão (divina) pelas pessoas que necessitam, muito embora, ‘samaritano’ originalmente, eram os habitantes de Samaria, cidade fundada por Onri, rei de Israel, para ser a capital do reino do norte, conforme relatado em 1Rs 16:24:

E de Semer comprou o monte de Samaria por dois talentos de prata, e edificou nele; e chamou a cidade que edificou Samaria, do nome de Semer, dono do monte.

Chamamos hoje de “samaritanos”, aqueles que se preocupam com os outros, que agem sempre a favor do bem, e que procuram ajudar em qualquer circunstância e sem falsos interesses.

Já os samaritanos da Bíblia, eram desprezados pelos judeus, porque descendiam de gentios e porque seu tipo de culto era diferente do judaísmo ortodoxo (eles eram considerados um povo mestiço e sincrético).

 

Os samaritanos por exemplo, edificaram seu próprio templo de adoração no Monte Gerizim, ao invés do Monte Sião. E desprezavam os escritos proféticos e outras tradições judaicas, cosiderando apenas a Torá como Escritura. E também mantinham seus próprios sacerdotes, que desaconselhavam a adoração no Templo de Jerusalém. 

 

Havia um ódio entre judeus e samaritanos portanto, que podemos observar em Neemias 2.10,19; 4.1; e 6.1 quando Esdras e Neemias procuraram enfatizar o zelo pela pureza do povo judeu remanescente do cativeiro.

 

 

A PASSAGEM:

 

Lc 10:25 E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?

 

HERMENÊUTICA: Aqui o objetivo foi testar, colocar Jesus à prova (do grego ekpeirazo), provar seu caráter e poder, o que, segundo 1Cor10.9 não devemos fazer: “E não tentemos a Cristo, como alguns deles também tentaram, e pereceram pelas serpentes”.

 

Os doutores da lei eram peritos na lei mosaica, e a pergunta foi ardilosa. A vida eterna era um assunto recorrente nos debates religiosos, e a intenção provavelmente foi ver que perspicácia o galileu possuía. Esse intérprete da lei não estava genuinamente interessado na resposta de Jesus, mas procurava encontrar algum motivo para acusá-lo.

 

 

CORRELAÇÃO:

 

Mt 22:34-35 E os fariseus, ouvindo que ele fizera emudecer os saduceus, reuniram-se no mesmo lugar. E um deles, doutor da lei, interrogou-o para o experimentar...

 

&

 

Mt 19:16-17 E eis que, aproximando-se dele um jovem, disse-lhe: Bom Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna? E ele disse-lhe: Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.

 

 

Lc 10:26 E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês?

 

HERMENÊUTICA:  Nosso salvador aceitava a autoridade do VT como revelação de Deus. Essa pergunta dá a entender que o doutor da lei poderia encontrar a resposta para sua dúvida nas próprias Escrituras.

 

 

Lc 10:27: E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.

 

HERMENÊUTICA:  A resposta do doutor da lei foi dada com base em dois textos:

 

Dt 6.5: Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças.  

 

Lv 19.18: Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o SENHOR.

 

O primeiro fazia parte do Shema Judeu, ou credo, que costumava ser recitado nas sinagogas. O “advogado” da Lei demonstrou discernimento, pois Jesus também resumiu a Lei nos mesmos termos.

 

 

CORRELAÇÃO:

 

Rm 13:9: Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.

 

 

 

Lc 10:28 E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e viverás.

 

 

HERMENÊUTICA: Amar a Deus com perfeição é o cumprimento da Lei. Amar a Deus implica em confiar nele para obter perdão, o que, resulta em vida.

 

CORRELAÇÃO: Lv 18.5; Ne 9.29; Ez 20.11;

 

Lv 18:5 Portanto, os meus estatutos e os meus juízos guardareis; os quais, observando-os o homem, viverá por eles. Eu sou o SENHOR.

 

Ne 9:29 E testificaste contra eles, para que voltassem para a tua lei; porém eles se houveram soberbamente, e não deram ouvidos aos teus mandamentos, mas pecaram contra os teus juízos, pelos quais o homem que os cumprir viverá; viraram o ombro, endureceram a sua cerviz, e não quiseram ouvir.

 

Ez 20:11 E dei-lhes os meus estatutos e lhes mostrei os meus juízos, os quais, cumprindo-os o homem, viverá por eles.

 

 

Lc 10:29 Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo?

 

HERMENÊUTICA:  Percebendo que fora apanhado por suas próprias palavras, o doutor aqui hesitou, usando uma pergunta evasiva, tentando contornar a situação, uma vez que os judeus não reconheciam que um samaritano poderia ser o “seu próximo”.

 

Os judeus tinham várias ideias a respeito de quem era o “próximo”, porém todas elas reservavam o termo para os israelitas.

 

Lc 10:30 E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.

 

HERMENÊUTICA:  Alguns argumentam que essa história pode ter sido real. Jerusalém (a 800m acima do mar) e Jericó (400m abaixo do nível do mar) fivavam próximas, e a estrada cheia de curvas e estreita, entre desfiladeiros rochosos, eram usadas por salteadores, que podiam facilmente se esconder.

 

 

Lc 10:31 E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo.

 

Lc 10:32 E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo.

 

 

HERMENÊUTICA:  Os levitas serviam no Templo, e nem o sacerdote nem o levita ajudaram o homem. Há quem diga que possivelmente pensassem que estivesse morto e não quiseram se contaminar pelo contato com um cadáver (Números 19.11) atravessando o caminho pelo lado oposto.

 

 

Lc 10:33 Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão;

 

 

CORRELAÇÃO:

 

Jo 4:9: Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (porque os judeus não se davam com os samaritanos).

 

HERMENÊUTICA: Jesus nunca fomentou esse ódio entre judeus e samaritanos. Ele esteve em Siquem, uma cidade com muitos samaritanos, e sua hospitalidade para com eles impressionou a mulher samaritana junto ao poço de Jacó.

 

Compaixão, do grego “splagchnizomai”, isto é, ser movido pelas entranhas, pois se achava que as entranhas eram a sede do amor e da piedade.

 

 

Lc 10:34 E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele;

 

HERMENÊUTICA:  O samaritano estava arriscando sua vida, pois os salteadores ainda poderiam estar escondidos nas proximidades. Jesus mostrou que o samaritano teve a atitude de amor que a Lei exigia.

 

Nessa parábola de crítica ao sistema religioso, a plateia esperava que Jesus, após ter mencionado um sacerdote e um levita, fosse mencionar um leigo israelita. A inclusão do samaritano, bem como da sua bondade, foi algo totalmente inesperado. O óleo servia para aliviar a dor, e o vinho agia como antisséptico (Fonte: Bíblia de Estudo de Genebra).

 

 

Lc 10:35 E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar.

 

 

HERMENÊUTICA:  Dois denários eram equivalentes ao salário de dois dias. Ele estava pagando as despesas de um completo estranho, só por causa de sua boa vontade. O denário era um moeda feita de prata e essa quantia daria para pagar a hospedagem completa de uma pessoa por até dois meses.

 

 

Lc 10:36 Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?

 

 

HERMENÊUTICA:  Essa pergunta envergonhou o doutor e obrigou-o a admitir que o verdadeiro próximo não foi nenhuma das autoridades sacerdotais do Judaísmo, mas o samaritano (rejeitado pelos judeus).

 

 

Lc 10:37 E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira.

 

HERMENÊUTICA:  Aqui o doutor evita dizer que foi claramente “o samaritano”, então ele diz “aquele que usou de misericórdia” numa manobra de linguagem.

 

Misericórdia do grego “eleos”, boa vontade ao miserável e aflito, associada ao desejo de ajudar a pessoa, sendo misericordioso, clemente.

 

APLICAÇÃO:

Parábola é uma narrativa alegórica que transmite uma mensagem indireta, por meio de comparação ou analogia. E Jesus gostava muito de usá-las para transmitir ensinamentos. A parábola do samaritano, em questão, teve o intuito claro de mostrar-nos que a piedade é um sentimento muito importante.

Fica nítido o ensino de que todos nós devemos ter compaixão pelo próximo, e que a depeito de cargos e posições, o que importou aqui foi a boa ação (a caridade), a humanidade, a bondade. Colocar-se no lugar do outro.

- Quem é o meu próximo afinal?    

O meu próximo é aquele que necessita de amparo, indepentemente de quem seja. Jesus ensina a amar o próximo como a nós mesmos, o próximo “é aquele que não sou eu”. E não importa a aparência, idade, raça, origem, cor, religião, gênero, posses, opinião política, etc.

Quando Jesus curou dez leprosos, o único que voltou para agradecer-lhe foi justamente um samaritano. Jesus também repreendeu a Tiago e João, que desejaram a destruição de um vilarejo samaritano que não demonstrou hospitalidade:

Lc 9:51-56: E aconteceu que, completando-se os dias para a sua assunção, manifestou o firme propósito de ir a Jerusalém. E mandou mensageiros adiante de si; e, indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos, para lhe prepararem pousada,

Mas não o receberam, porque o seu aspecto era como de quem ia a Jerusalém

E os seus discípulos, Tiago e João, vendo isto, disseram: Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez?

Voltando-se, porém, repreendeu-os, e disse: Vós não sabeis de que espírito sois.

Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E foram para outra aldeia.

Aqui aprendemos que não podemos odiar nossos irmãos (cristãos) de outras denominações, de outros segmentos evangélicos, pois se assim o fizermos, estaremos agindo como judeus x samaritanos.

At 1:8: Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.

Outra aplicação possível dessa passagem, que ouvi de certo pregador, é a seguinte:

Muita gente acha que a parábola fala somente de justiça social, mas essa parábola também pode ser entendida como uma parábola de redenção!

O homem assaltado e quase morto vê um levita passar pelo mesmo caminho, e um sacerdote que tambêm não faz nada.

O samaritano de viagem (repare que ele não era de lá, e foi rejeitado pelos judeus), encontra o homem caído, ferido e quase morto.

Esse homem no chão nos representa. Representa a humanidade caída à espera de socorro, de misericórdia.

Os salteadores, a maldade das pessas do mundo, onde Satanás é o príncipe, e influenciador. Ele vem para matar, roubar e destruir (João 10.10).

Agora repare:

‘E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele’.

Ele coloca óleo e vinho, o que na Bíblia significam, cura e renovo, mudança de vida.

Ele paga o preço que é necessário. E o deixa numa hospedaria (igreja).

O bom samaritano aqui seria o próprio Jesus, que pagou preço de sangue na Cruz e disse que voltaria.

O levita e o sacerdote seriam a religião em si, com sua insuficiência para redimir aquele homem. Somente o Messias (o ‘samaritano’ que surgiu ali na parábola) foi capaz de ter compaixão, de amar e salvar aquele homem, não importando quem era.

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Curiosidade:

Inaugurado em 25 de janeiro de 1894, no bairro de Higienópolis, em São Paulo, o Hospital Samaritano nasceu com a missão de atender a todos, sem distinção de religião. Essa foi a motivação do imigrante chinês José Pereira Achao ao doar todos os seus bens à Igreja Presbiteriana antes de morrer. Um pouco antes, ele teve que se converter ao catolicismo para conseguir atendimento na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Um grupo de imigrantes britânicos, norte-americanos e alemães, apoiados por tradicionais famílias paulistas, adotou a ideia e fundou o hospital.


Ricardo Miranda



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